A renúncia do presidente Jair Bolsonaro em meio à sua atuação no combate à Covid-19 é rejeitada por 59% dos brasileiros.

Já 37% desejam que ele renuncie, conforme vem sendo pedido por políticos de oposição, e 4% não sabem dizer. Foi o que apurou pesquisa do Datafolha com 1.511 entrevistados, feita por telefone de 1º a 3 de abril. A margem de erro é de três pontos.

Apesar de o levantamento apontar que apenas 33% dos ouvidos consideram a gestão da crise sanitária pelo presidente da República como boa ou ótima, 52% creem que ele tem condições de seguir liderando o país.

Para 44%, Bolsonaro perdeu tais condições, e 4% não souberam responder.

O tema renúncia passou a frequentar as conversas no mundo político desde que o presidente adotou um tom negacionista e de confronto com o Ministério da Saúde e governadores na condução da emergência.

Um grupo de políticos de oposição à esquerda —incluindo os ex-presidenciáveis Fernando Haddad (PT-SP), Ciro Gomes (PDT-CE) e Guilherme Boulos (PSOL-SP)— lançou na semana passada manifesto pedindo a renúncia de Bolsonaro, o que ele negou.

“Da minha parte, a palavra renúncia não existe. Eu fico feliz até por estar na frente [do combate] a um problema grande como esse. Fico pensando como estaria o outro que ficou em segundo lugar [Fernando Haddad] no meu lugar aqui”, afirmou.

A pesquisa Datafolha mostra que a renúncia do presidente tem maior apoio entre jovens (44%), mulheres (42%), os que têm até o ensino fundamental (40%) e quem tem renda mensal acima de 10 salários mínimos (39%).

Já a rejeição ao gesto tem maior apelo entre quem ganha de 5 a 10 mínimos (69%), homens (65%) e quem ganha de 2 a 5 mínimos (64%).

A região Nordeste segue a tendência geral do levantamento e registra o maior índice de apoiadores da renúncia de Bolsonaro: 47%, ante 49% contrários à ideia.

Já o Sul, região bolsonarista na eleição, vem com 28% de apoio à renúncia. Norte e Centro-Oeste registram 30% e o Sudeste, 37%.

A divisão se mantém quando a pergunta é sobre a capacidade de liderança do presidente da República. Bolsonaro é visto como capaz por 62% no Sul, 60% no Norte/Centro-Oeste, 49% no Sudeste e 47% no Nordeste —onde empata com os que o acham incapaz (49%).

PESQUISA FOI FEITA POR TELEFONE PARA EVITAR ABORDAGEM A pesquisa telefônica, utilizada neste estudo do Datafolha, procura representar o total da população adulta do país, mas não se compara à eficácia das pesquisas presenciais feitas nas ruas ou nos domicílios.

Por isso, apesar de aproximadamente 90% dos brasileiros possuírem acesso pelo menos à telefonia celular, o Datafolha não adota o método em pesquisas eleitorais, por exemplo.

O método telefônico exige questionários rápidos, sem utilização de estímulos visuais, como cartão com nomes de candidatos.

Fonte: Folha de São Paulo