Por Rodrigo Daniel Silva
O ex-governador da Bahia João Durval Carneiro completou no último dia 08 de maio, 91 anos de idade. Fora da política desde 2015, quando encerrou o mandato de senador, o feirense dedicou seis décadas à vida pública. No currículo, ainda acumulou os cargos de vereador, prefeito de Feira de Santana e deputado federal. “É um político que deixa a marca da honestidade, seriedade, e é reconhecido por todos. Nunca esteve envolvido em nenhum escândalo. Um político acima de qualquer suspeita. É um político que jogaram a fórmula fora quando a gente vê a política de hoje. As pessoas se referem sempre positivamente em relação a ele sem o ‘mas’”, disse o filho do ex-governador, o ex-deputado federal Sérgio Carneiro, em entrevista à Tribuna.
Para o ex-parlamentar, uma marca relevante da gestão do pai foi a valorização do funcionalismo público. ”É reconhecido como o melhor governador que o funcionalismo baiano teve. Fundou uma creche para filhos de funcionários, reestruturou os cargos dos servidores e a Procuradoria Geral do Estado”, declarou. Formado pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba) em 1953, João Durval decidiu não seguir a carreira e entrar na vida política. Após cumprir mandato de vereador, em novembro de 1966, elegeu-se prefeito de Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia. Em 1970, conseguiu eleger o seu sucessor, Mílton Falcão.
Com a morte de Clériston Andrade, que morreu em acidente aéreo a 45 dias da eleição, o ex-senador Antonio Carlos Magalhães indicou João Durval para ser o candidato a governador da Bahia. Com apoio dele, Durval foi eleito ao governo da Bahia em 1982. Antes disto, tinha sido secretário de Saneamento na gestão de ACM. A maior obra da gestão de João Durval foi o complexo hídrico de Pedra do Cavalo (que empregava cerca de seis mil pessoas) e fora planejada no governo de Roberto Santos.
Sobre o amigo João Durval, o escritor Joaci Goes destacou a “humildade” do ex-governador. “É um homem dotado de inteligência excepcional. Algo muito no padrão do que se convencionou chamar de inteligência emocional. O resultado prático desse perfil é que ele é vitorioso como poucos, nas múltiplas dimensões de sua rica existência: vitorioso na bela família que construiu com sua notável mulher, a professora Yeda Barradas Carneiro; vitorioso na política, em que exerceu mandatos muito bem avaliados como vereador, prefeito, deputado federal, senador, governador do Estado e secretário de estado. Tudo isso compondo o perfil de um cidadão exemplar .No panteão dos grandes nomes de nossa terra, o de João Durval Carneiro figura como estrela de primeira grandeza”, pontuou.
Para Walter Pinheiro, presidente da ABI e da Tribuna, “o ex-governador João Durval é o exemplo vivo de como a simplicidade do sertanejo, unida à humildade dos bons e à sabedoria dos justos conseguem formatar uma personalidade capaz de promover transformações na sociedade, em benefício de todo um povo. A ele nossas homenagens pelos 90 anos bem vividos”. Autor de uma biografia sobre o ex-governador, o escritor Luiz Almeida definiu João Durval como um “construtor de caminhos”. No último capítulo da obra, narra o último dia da vida pública de Durval, quando pega o avião de Brasília, onde encerrava o mandato de senador, para voltar à Bahia. Assim o biógrafo encerra: “as páginas do seu acalentado e imaginário livro de memórias continuavam sendo folheadas sobre as nuvens do trajeto entre Brasília e Salvador. E, antes que repassasse os tempos de atuação no Senado Federal, a aeronave pousaria no Aeroporto Deputado Luís Eduardo Magalhães. Ali, escreveria o epílogo da sua vida política. Olhava para as pessoas que o cumprimentavam no desembarque talvez querendo enviar uma mensagem a todos os baianos através dos versos de Mário Quintana: ‘se me esqueceres, só uma coisa, esquece-me bem devagarinho’”.
Tribuna da Bahia