Aos 45 anos, Giorgia Meloni pode fazer história ao se tornar a primeira premiê da terceira economia da União Europeia
A Itália vai às urnas neste domingo (25/9) num misto de tensão entre as autoridades e de ceticismo por parte da população. A prevalecer o que indicam as pesquisas de intenção de votos, a extrema-direita será a grande vencedora do pleito, o que não se vê desde a Segunda Guerra Mundial.
A guinada na terceira maior economia da União Europeia resultará na primeira mulher, Giorgia Meloni, 45 anos, como primeira-ministra. Líder do partido Irmãos da Itália, sucessor do Movimento Social Italiano (MSI), com raízes fascistas, ela tem como aliados Matteo Salvini, do Liga, e o notório Silvio Berlusconi, do Força Itália, que, aos 85 anos, retorna à política depois de um afastamento de mais de uma década por fraudes fiscais.
Os levantamentos eleitorais mais recentes apontam que o Irmãos da Itália deverá receber entre 22% e 24% dos votos. A coligação fechada pelo partido poderá chegar a 48%, garantindo mais de 60% do Parlamento. Para o professor Michele Testoni, da IE School of Global and Public Affairs, a Itália é, hoje, o reflexo do descontentamento de uma parcela da classe média, com bom nível de educação, majoritariamente masculina e de profissionais autônomos. Ele reconhece, porém, que a extrema-direita não é um fenômeno novo. Seus representantes vêm ganhando espaço na política italiana há pelo menos 20 anos. Giorgia Meloni, inclusive, foi ministra da Juventude de Berlusconi, e, astuta e conhecedora dos meandros políticos, ocupou o vácuo deixado por desastrados governos — desde 2018, foram três.
Professora do Instituto Superior de Ciências Políticas da Universidade de Lisboa, Carla Guapo da Costa diz que o impacto do resultado das eleições italianas sobre o contexto europeu não deve ser menosprezado. “Até porque ocorre num contexto extremamente complexo, de pós-pandemia e de crise econômica profunda, agravada pelas consequências da guerra na Ucrânia”, assinala. “Há ainda o fato de a Itália se juntar a um espectro de ascensão de partidos populistas e extremistas, que já têm uma representação bastante expressiva em países europeus, desde os casos mais antigos de Polônia e Hungria, até ao mais recente, da Suécia”, complementa.
Correio Brasiliense