Conhecido pelo seu posicionamento firme contra o racismo, o técnico Roger Machado, do Bahia, quer promover a luta para além do esporte. De acordo com matéria publicada pelo UOL nesta terça-feira (18), o técnico tricolor se tornou mecenas de um projeto que pretende lançar 50 livros de autores negros e indígenas nos próximos anos.

Ainda neste ano, serão publicados 10 livros da coleção Diálogos da Diáspora, que vão chegar ao mercado com preço acessível para a parcela mais carente graças ao financiamento do Projeto Canela Preta, comandado pelo técnico. Com o projeto de, os custos de produção serão cobertos e um exemplar de 200 páginas que seria vendido por R$ 40 vai custar R$ 15.

“Quando minhas filhas eram pequenas, eu procurava livros para elas, de literatura infanto-juvenil, com autores e personagens negros, e tinha dificuldade de encontrar. Essa inquietação cresceu quando li o livro da Chimamanda Adichie que fala do perigo da história única, como é prejudicial o país quando a história é contata só por um lado, o lado que detém os meios da produção do conhecimento”, disse Roger.

Junto com Roger Machado, está Tadeu de Paula, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e um dos coordenadores do Grupo de Pesquisa Egbé.

“Menos 10% dos livros publicados no Brasil são de autores não brancos e isso é um reflexo da exclusão no espaço acadêmico. Com a chegada de mais negros à universidade, fruto das cotas socioraciais, a gente está tendo maior produção sobre racismo, lutas contra desigualdade social, e a gente entendeu que era importante ter um fomento de produção editorial desse espaço”, disse Tadeu.

Os livros serão lançados pela Hucitec Editora, especializada em humanismo, ciência e tecnologia. Ao longe de cinco anos, o conselho editorial fará a curadoria para escolher 10 obras preferencialmente de escritores negros e indígenas, nas mais diversas áreas acadêmicas: Antropologia, Sociologia, Psicologia, Urbanismo, Direito, Filosofia, Letras, Pedagogia, Comunicação, Arte, entre outros.

O plano é que, a partir do ano que vem, seja aberto um edital para o recebimento de originais, que, por enquanto, devem ser enviados diretamente à Hucitec. Roger tem planos para que a coleção se transforme futuramente em uma editora voltada à publicação de autores negros.

Uol / Bahia Notícias