Em artigo de autoria do ex governador da Bahia, Paulo Souto, publicado no Politica Livre, o politico reclama do time do Flamengo, que não liberou Pedro para a Seleção Olímpica.

“Comecei a esboçar esse texto na tarde de quatro de agosto, quando, obviamente, não se sabia quem seria o campeão olímpico no futebol. A ideia surgiu quando estava na esteira e, logo que terminei o exercício, fui ao notebook materializar o que já havia pensado.

Sei que não serei compreendido pela diretoria do Flamengo e provavelmente também pela grande torcida do clube, um verdadeiro patrimônio do futebol brasileiro. Paciência, não queria que fosse assim.

O Brasil foi campeão olímpico sem o Flamengo. Mas seria muito melhor, para o Brasil e para o Flamengo, que fosse campeão com o Flamengo, sem dúvida  o maior clube de futebol do Brasil na atualidade.

A diretoria do Flamengo, com o seu egocentrismo já conhecido, se recusou a ceder um jogador importante para a seleção, Pedro, eventualmente reserva da equipe.

Não sensibilizou os cartolas rubro-negros a atitude de clubes, que sem o elenco do Flamengo, cederam titulares de primeira linha do seu time.

Reconheceram a importância da participação da seleção na Olimpíada: Atlético Paranaense, Fluminense, Atlético Mineiro, Bragantino e Palmeiras, que cederam Santos, Nino, Arana , Claudinho e Gabriel Menino, jogadores que disputavam os mesmos certames do Flamengo.

Afinal, na hora da seleção as cores queridas de todos os times se fundem para fazer aflorar as cores  da seleção.

Da diretoria do Flamengo, nenhuma surpresa. Mas é estarrecedor que essa atitude, que significa a supremacia de um clube sobre a seleção nacional, fosse justificada e aplaudida pela grande maioria dos comentaristas esportivos do país.

Eles subscreveram a atitude hegemônica de um clube sobre a seleção. A justificativa de que não havia, no caso das Olimpíadas, a  obrigatoriedade de ceder jogadores, é estarrecedora.

Pior ainda dizer que a participação do futebol brasileiro na Olímpiada é desimportante. Tive que ouvir exatamente  isso, com todas  as letras. Ou seja, a representação do esporte mais popular do Brasil no evento esportivo mais universal, não seria importante. Inacreditável.

Será que o Flamengo só cederá seus jogadores para a  seleção que disputará, por exemplo, a Copa do Mundo, porque estará obrigado a isso?

Posso concluir dizendo, que nada disso interessa, pois o Brasil foi o campeão olímpico. O título foi muito importante, mas uma mudança de mentalidade será tão importante quanto o título.

Sinceramente espero que assistindo à alegria, emoção e orgulho  de todos os brasileiros com a conquista, nunca mais falem que a participação brasileira nas Olímpiadas, em qualquer esporte, não apenas no futebol, seja desimportante.

Ademais, depois do jogo e do título, não há como não reconhecer  o exemplo admirável de Daniel Alves. Com 38 anos, o jogador com mais títulos na carreira, lutou tenazmente e fez questão  de estar ao lado dos mais jovens, para lutar pelo Brasil. Daniel, é mais um baiano, e se junta  Ana Marcela, Isaquias e Herbert, para mostrar que  não existem obstáculos e muito menos conveniências para que se deixe de defender o Brasil”, publicou Paulo Souto.

* Paulo Souto foi Governador da Bahia por duas vezes (1995-1998/2003-2006).