Não é aceitável’, diz presidente sobre as 1.192 pessoas com paradeiro ainda desconhecido; nesta segunda, continuam conversas para elaborar nova Constituição

O presidente do Chile, Gabriel Boric, anunciou neste domingo o lançamento do plano de busca de detentos desaparecidos durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). O golpe de Estado no Chile completou hoje 49 anos.

— Nosso compromisso é continuar buscando incansavelmente os presos desaparecidos, 1.192 detentos desaparecidos que ainda não sabemos onde estão. Não é aceitável, não é tolerável, não podemos naturalizar — afirmou o presidente.

A iniciativa contempla o trabalho em conjunto com as organizações de familiares de detentos desaparecidos e executados por motivos políticos.

— O compromisso é de avançar na verdade, na justiça, na reparação de todas as vítimas de violência perpetrada por agentes do Estado, porque essa é a única e principal garantia de não repetição que podemos oferecer – declarou Boric.

O presidente fez o anúncio no âmbito das atividades oficiais que lembram o golpe de Pinochet contra o governo do socialista Salvador Allende (1970-1973), em 11 de setembro de 1973, que deu início ao regime militar.

Boric visitou o túmulo de Allende no Cemitério Geral de Santiago. Ao longo do dia, vários grupos políticos e cidadãos se reuniram para homenagear a estátua de Allende em frente ao palácio presidencial de La Moneda e deixaram rosas vermelhas em sua homenagem.

A ditadura chilena durou 17 anos e deixou 40.175 vítimas, entre executados, detidos, desaparecidos, presos políticos e torturados, segundo dados da comissão oficial que recolheu depoimentos de vítimas e familiares.

Nova Constituição

Na segunda-feira, continuarão as negociações entre os partidos no Congresso para estabelecer um modelo de discussões para elaborar uma nova Constituição para o país, após a ampla rejeição, em plebiscito no domingo passado, da proposta da Convenção Constitucional.

Apesar da rejeição nas urnas por dois terços do eleitorado, há consenso no país da necessidade de uma nova Carta, para substituir a atual, de 1980, do tempo da ditadura.

O Globo