Cotado para assumir o Ministério da Fazenda, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad embarcou com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para Brasília na noite deste domingo (27)

A viagem, antecipada em um dia em relação ao que havia sido afirmado pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ocorre em meio a possíveis definições de nomes para o comando dos ministérios. Não havia previsão de Haddad ir à capital federal ao lado de Lula.

Fora de Brasília nas últimas duas semanas, o presidente eleito tem sido cobrado a decidir o comando de algumas pastas mais importantes, entre elas a Fazenda.

O petista tem nesta semana compromissos com a cúpula do Congresso para discutir o formato da PEC (proposta de emenda à Constituição) da Transição, que tem como objetivo abrir espaço no teto de gastos para bancar a manutenção do benefício mínimo de R$ 600 do Bolsa Família e honrar outras promessas de campanha de Lula, como a valorização do salário mínimo.

No entanto, a PEC não saiu do lugar sem a presença de Lula e de um articulador com poderes para negociar com parlamentares.

Na quinta-feira (24), o senador Jaques Wagner (PT-BA) falou sobre as dificuldades na articulação da proposta. “Acho que falta mais, por enquanto, um ministro da Fazenda”, disse, ressaltando que essa era apenas de uma “opinião”.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, o PT quer formar uma dobradinha entre Haddad e Persio Arida no comando da área econômica, de forma a manter o partido à frente de decisões estratégicas, mas abrindo espaço para a influência de um economista liberal na formulação de políticas públicas. Arida, porém, disse à Folha de S.Paulo que não tem intenção de assumir cargos em Brasília.

Haddad já vinha mantendo conversas com representantes do mercado financeiro e, na sexta-feira (25), representou Lula em um encontro com membros da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), entidade que reúne os principais bancos do país. O almoço é organizado anualmente pela entidade.

O ex-prefeito também tem dialogado com integrantes do grupo de economia na transição sobre diversos temas, incluindo a PEC da Transição, medida em negociação pelo governo eleito para ampliar os gastos com o novo Bolsa Família, desafogar o Orçamento de 2023 e honrar promessas eleitorais de Lula como o aumento real do salário mínimo.

Haddad, que também já foi ministro da Educação, reúne duas características importantes para Lula: afinidade e confiança. Pela importância que tem para o presidente eleito, Haddad também já foi citado como ministro de outras pastas importantes, como Itamaraty, Educação e o Planejamento.

Haddad foi o substituto do ex-presidente na campanha eleitoral de 2018, quando Lula foi impedido de ser candidato. Relembrando aquele momento, ele contou em entrevista à agência Reuters que o ex-presidente o teria escolhido como ministro da Fazenda em caso de vitória na disputa. “Não se sabe disso, mas antes de eu ser convidado para ser vice de Lula, eu fui convidado por ele para ser ministro da Fazenda”, afirmou Haddad.

Folhapress