Nos seus últimos anos, Gorbachev continuava defendendo seu legado histórico e seu papel no fim da Guerra Fria.
Gorbachev, cujo governo tumultuado foi associado aos termos perestroika e glasnost (reforma e abertura) morreu após uma longa doença. De acordo com o Hospital Clínico Central de Moscou, Gorbachev “morreu esta noite [terça-feira] após uma doença grave e prolongada”, em comunicado citado pela agência RIA/Novosti.
Mikhail Gorbachev foi o último presidente da União Soviética antes de sua dissolução. No dia 25 de dezembro de 1991, ele anunciou em cadeia nacional de televisão, em um salão do Kremlin, a sua renúncia e o fim da União Soviética. Era o fim da Guerra Fria e da corrida armamentista, o inicio da abertura para o resto do mundo. O pavilhão da URSS dava lugar à bandeira da Federação da Rússia.
Gorbachev foi responsável por reformas, mas não foi capaz de controlar forças internas, tanto que enfrentou uma tentativa de golpe três meses antes de renunciar ao poder. O político, de origens russas e ucranianas, forjou vários acordos com o ocidente de forma a acabar com a famosa “cortina de ferro” que dividia a Europa desde o final da Segunda Guerra Mundial, culminando na unificação da Alemanha. Nos últimos anos de vida, ele se dedicou a publicar artigos defendendo o seu legado histórico.
Ele se tornou um “fantasma vivo” para as autoridades russas que apontam a ele a responsabilidade pelo desmanche da URSS. O nome de Gorbachev não aparece entre os personagens mais marcantes da história russa nos tradicionais rankings que a mídia local gosta de publicar todos os anos. Stalin está em todos os da última década. Putin, também.
Gorbachev tentou voltar para a política, mas não conseguiu resultados expressivos. Ele concorreu à eleição presidencial em 1996 e fracassou. Ele obteve apenas 0,5% dos votos.
Gorbachev recebeu o Nobel da Paz por “seu papel no processo de paz que hoje caracteriza partes importantes da comunidade internacional”, segundo disse a entidade na ocasião. Ultimamente ele presidia a Fundação Gorbachev, dedicada a programas de caridade e à educação.
Mundialmente conhecido como o homem que acabou com a Guerra Fria sem violência, mas muitos russos o condenavam por ter iniciado as ousadas reformas de abertura (Perestroika e Glasnost) que levaram ao colapso da URSS, dando início a um período economicamente difícil para os países que dela se desmembraram.
O Globo