Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, foi parado e morto durante uma abordagem de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) porque estava sem capacete, o que é uma infração de trânsito gravíssima que pode gerar multa de R$ 293,47 e suspensão do direito de dirigir.
Antropólogo, Robson Rodrigues, que é coronel da reserva da PM e foi comandante do projeto de Polícia Pacificadora no Rio de Janeiro, diz que uma abordagem motivada por uma transgressão de trânsito dificilmente deveria ter evoluído para tanta violência e responsabiliza individualmente os policiais pela má conduta que resultou numa morte sob investigação e também a própria corporação por falhas no treinamento.
– O erro é gritante. Isso (dirigir sem capacete) nem é crime. É o tipo de situação em que o policial tem que usar da palavra e aplicar as sanções previstas em lei. Nada disso foi feito. O que aconteceu foi desumano, foi brutal – diz Rodrigues.
Para ele, o Ministério Público Federal deveria, a partir de agora, no decorrer das investigações, apurar junto à PRF como são conduzidos os treinamentos para os policiais que usarão o armamento menos letal – como o gás lacrimogêneo usado contra Genivaldo -, as instruções de fornecedores sobre o produto e também a forma como os instrumentos são utilizados na prática diária do patrulhamento.
Ele disse que a nota oficial da PRF sobre o ocorrido denota que os excessos também podem estar sendo tolerados e encobertos pela instituição.
Após a morte da vítima, um comunicado da corporação informava que Genivaldo “resistiu ativamente a uma abordagem de uma equipe da PRF. Em razão de sua agressividade, foram empregadas técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua contenção e o indivíduo foi conduzido à Delegacia de Polícia Civil de Umbaúba”.
Ontem, entretanto, foi informado que a instituição abriu uma sindicância e também afastou os policiais das funções até que o caso seja totalmente esclarecido.
Genivaldo foi abordado quando atravessava de moto a BR-101 em Umbaúba, em Sergipe. Ele foi detido, agredido e fechado no porta-malas da viatura da PRF com uma bomba de gás lacrimogêneo. Ele morreu antes de chegar ao hospital. O corpo dele foi sepultado ontem (26/05). O caso é investigado pela Polícia Federal de Sergipe.
O Globo