Na última semana, a popularidade de Jair Bolsonaro sofreu abalos em duas regiões consideradas fortalezas eleitorais do presidente. No Sul, cresceu a parte da população que considera o governo do ex-capitão ruim ou péssimo. No Centro-Oeste, esse segmento chegou praticamente a dobrar.
Pesquisas qualitativas apontam a escalada no preço da gasolina como a causa da mudança de humor nos redutos bolsonaristas. Ontem, a Agência Nacional do Petróleo divulgou levantamento mostrando que o preço médio do combustível subiu nos postos pela sexta semana consecutiva. Em algumas cidades, o litro da gasolina já passa dos 7 reais. O Sul e o Centro-Oeste, juntamente com o Norte, são as regiões em que Bolsonaro costuma ser melhor avaliado nas pesquisas.
O Sul, terceiro colégio eleitoral do país, atravessou os dois anos e meio de governo como a região mais fiel ao ex-capitão. No Centro-Oeste, de intensa atividade agropecuária, a alta das commodities vinha rendendo a Bolsonaro índices de popularidade acima da média. Agora, a alta da inflação ameaça corroer esse patrimônio eleitoral.
Para o pesquisador Mauricio Moura, CEO do instituto Ideia, até o final do ano, as perspectivas do presidente num cenário de instabilidade política e alta da inflação são de uma “popularidade estagnada com lenta piora”.
O único segmento em que Bolsonaro ainda tem chances de crescer é naquele formado pelas classes D e E que hoje consideram seu governo regular e podem ser beneficiadas caso o governo consiga recursos para aumentar o valor do Bolsa Família e criar o Auxílio Brasil — recursos que, não por acaso, vêm sendo ironicamente chamado por aliados do presidente de “orçamento da eleição”.
Thaís Oyama/Uol