Aliados de Lula avaliam que divisão acabaria por desidratar o ministro que faz a interlocução com o Poder Judiciário

Promessa de campanha do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a divisão do Ministério da Justiça e da Segurança Pública em dois não deve acontecer.

Principal nome cotado para assumir a pasta, o senador eleito Flávio Dino (PSB-MA) afirmou ontem, em entrevista ao GLOBO, que a “tese majoritária” dentro da equipe de transição é manter o formato atual. Segundo ele, porém, caberá a Lula bater o martelo.

— Eu já tenho uma posição conhecida, fruto da experiência de juiz, de que a integração é melhor. Se você coloca dois ministros, fica mais difícil, torna mais trabalhosa a efetivação de ações — disse o ex-governador do Maranhão, que coordena o grupo de Justiça e Segurança Pública na transição de governo.

Para que Lula possa bater o martelo, a equipe preparou dois relatórios diferentes — um que considera a estrutura atual e outro com a separação.

A proposta de criar uma pasta específica para a Segurança Pública foi um aceno que Lula fez durante a campanha às forças policiais, grupo em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem uma das suas bases eleitorais mais fortes.

O tema, porém, rachou a equipe de transição. Diferentemente de Dino, integrantes do grupo como o advogado Marco Aurélio de Carvalho defenderam publicamente a divisão das pastas com o argumento de que seria uma forma de dar mais atenção a cada assunto. 

Nos bastidores, contudo, aliados de Lula avaliam que a divisão acabaria por desidratar o ministro da Justiça, pois tiraria a Polícia Federal do seu guarda-chuva. O indicado para o posto é considerado um importante interlocutor com o Poder Judiciário.

Ao manter o status de “superministério” da Justiça e Segurança Pública, a ideia é repetir o modelo de gestão adotado nos primeiros mandatos de Lula, quando a pasta foi comandada por nomes como Marcio Thomaz Bastos e Tarso Genro.

O Globo